Amor próprio x sucesso
O sucesso, independente da atividade, nasce do amor próprio.
A consciência sobre potencialidades individuais, possibilidades e horizontes é
parte integrante da natureza humana; a auto-imagem se projeta no corpo e nas
realizações. Uma pessoa que se vê fraca e incapaz não poderia apresentar-se
externamente com uma estrutura forte, nem realizar proezas reproduzíveis nos
bate-papos das rodas de amigos.
Uma busca pessoal pelo conhecimento de si mesmo, que
desenvolva uma auto-imagem confiante e que por sua vez gere amor próprio
deveria ser parte de qualquer projeto pessoal. O Treinador, ou desenvolvedor de
talentos vislumbra isso o tempo todo, em cada ação, no cuidado dos detalhes técnicos,
na evolução e nas propostas de desafios. Mas pouco adianta o empenho do
motivador se não houver a busca pessoal do indivíduo a ser treinado!
Convivo com uma multiplicidade de personalidades,
temperamentos, concepções de mundo e individualidades. Muitos se apegam na
pequenez dos insucessos e dúvidas, formando uma casca resistente à mudança e um
apego à imagem de incapacidade que faz de si mesmo. Alguns escondem o anão
interior, feio e indesejável projetando para o seu redor uma imagem confiante, e
impávida. Falam muito, falam alto, por vezes exageram nos feitos; alguns mentem
com tamanha propriedade e convicção que forjam uma realidade paralela (conheçam
os fatos mais recentes da vida de Lance Armstrong).
Em ambos os casos dê-lhes alguma conquista e tempo para
refletir, ambiente fértil para germinar alguma centelha de amor próprio. O amor
próprio tem efeito maravilhoso naqueles que se abrem ao auto-conhecimento. Uma
dinâmica quase dialética onde “conquista” somada a “amor próprio” resultam numa
nova imagem pessoal, que é a própria imagem a maior conquista. Uma auto-imagem
confiante coloca medo e insegurança em seus devidos lugares, acessórios de
contrapeso à coragem e destemor, balanceando a equação que resulta no sucesso.
Por sua vez, a auto-confiança não deve desconsiderar a
necessidade de orientação e tutela, assim como um carro potente não abre mão da
estrada que orienta o caminho, o que resume o sucesso da viagem: chegar ao
destino.
Auto-confiança sem orientação resulta numa independência
egoísta, que num primeiro momento contempla pela noção de ser mestre de si
mesmo, essa uma condição que os tempos atuais patrocinam, o que é em si mesma
uma armadilha ao isolamento e posterior queda de rendimento. Se individualmente
essa condição “independente” provoca um isolamento cada vez maior, e leva à
necessidade patológica de conquista e de provar à todo custo, atropelando quase
sempre questões éticas, a viabilidade da própria condição, no plano coletivo,
tem muito mais efeitos nocivos. Para o indivíduo, não se engane, o grupo reage
imediatamente “suportando” essa condição infortúnia, mas gerando um ponto de
tensão que fica cada vez mais exposta. Logo o grupo desvia o foco original para
a administração dessas tensões. É uma dinâmica inerente aos grupos sócias e tem
dois desfechos, ou o grupo reabsorve o indivíduo que cai em si e volta ao seu
equilíbrio natural, ou na pior solução o grupo rechaça o desequilibrado,
desfazendo sua coesão (o que às vezes pode resultar na dissolução do grupo
social).
Grupos esportivos ou não que buscam rendimento na consecução
de objetivos relacionados à conquista, sofrem desses fenômenos sociais, mas se
afastam do seu fim, a conquista (pessoal ou de grupo) sempre que a equação não
se encontra balanceada.
Em resumo, uma auto-imagem negativa que revela a falta de
amor próprio é um obstáculo ao sucesso nos projetos pessoais ou dos grupos em
que os indivíduos relacionados com essa situação sejam parte; Excesso de auto
confiança gera um egoísmo auto-suficiente que prejudica grupos sociais e leva o
indivíduo a situações limítrofes à patologia psicológica. O amor próprio deve ser uma busca individual e
também objeto de promoção dos motivadores.
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