terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Corrida: Dicas para conter o afobamento de iniciantes



 
 
1. O sucesso na corrida leva tempo ...
... Um monte de tempo. Um treinador de topo diz a seus corredores de elite que leva cerca de três anos para que eles vejam o seu verdadeiro potencial. Esse tempo é para além da sua idade escolar em anos de corrida, por isso é, na verdade, cerca de 10 anos! O sucesso na corrida de longa distância vem com consistência e formação, gradual, persistente.
Aumentos dramáticos na quilometragem ou intensidade quase sempre levarão a lesões. Não despreze os princípios do treinamento gradual. Seja paciente e entenda que aumentos modestos no volume ao longo de um longo período de tempo conduzirá a melhoria a longo prazo. Não há atalhos em corrida de distância.

2. Não “corra por correr”
Você precisa correr para ser rápido, claro, mas um coração forte e pulmões poderosos são apenas uma parte do quebra-cabeça. Se você iguinorar exercícios básicos , rotinas de aquecimento, e a sala de musculação totalmente, você estará cometendo um grande erro.

Ser um corredor bem-rodado, coordenado, ajuda a prevenir lesões e promove uma passada de corrida mais eficiente, o que são necessidades de formação a longo prazo, de treinamento consistente. Seu corpo é um sistema, e ignorar os outros componentes do atletismo normalmente irá resultar em uma lesão de esforço, como ter dor de “banda íleo-tibial” (joelho de corredor) ou tendinite.

3. Limite Seus treinos super-exigentes
"Separando homens de meninos" ou "a hora da verdade" são expressões usadas para descrever treinos que são praticamente mais do que corridas. Você pode vomitar depois deles ou perder o apetite por algumas horas. Eles são exigentes demais.
Estes treinos devem ser uma ocorrência rara em seu plano de treinamento. Eles aumentam o seu risco de lesão, e fazem você chegar rapidamente ao seu pico do nível de condicionamento físico. Exagere e você vai se sentir velho ou esgotado. Você deve evitá-los durante a maior parte do seu plano de treinamento, e só fazer alguns na fase de polimento antes da sua corrida-alvo. Complicado? Não para um treinador.

4. Não Privilegie o asfalto e o calçadão, fuja deles;
OK, nem todas as suas corridas. Não há nada de errado com correr no asfalto, mas cada corredor pode se beneficiar de alguma corrida em trilhas. Trilhas podem ajudar a recuperar mais rapidamente de treinos fortes de velocidade por causa das superfícies mais macias.
O terreno irregular também ajuda a construir a coordenação e força em seus músculos estabilizadores. Juntamente com devidamente programados treinos de força, lesões serão certamente uma ocorrência rara.

Os quenianos dizem, "o asfalto mata pernas descansadas". Eles fazem a maioria de sua formação em estradas de terra montanhosas que proporcionam menor impacto em suas pernas e desenvolvem mais força.
Então transfira algumas de suas corridas para as trilhas em vez das estradas. Além disso, os sons de pássaros e folhas são melhores do que o tráfego, certo?

Fonte: Active.com

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

LANCE ARMSTRONG E OPRAH WINFREY

Tem tempo que tento escrever algo sobre o caso Armstrong, mas a falta de tempo  vem postergando essa tarefa. Li essa semana o Texto do Fernando Blanco na sua fã-page do Facebook: Ciclismo Pro - é justamente a abordagem que tenho pensado. Curtam ainda a história de admiração/repulsa do autor em relação ao Protagonista dessa "novela".


LANCE ARMSTRONG E OPRAH WINFREY
LANCE ARMSTRONG E EU

Você não sabe quem é Oprah Winfrey? Então, sabe a nossa Ana Maria Braga, agora multiplique por 100 e terá pelos menos noção da importância desta fera.

Esta americana multimilionária é líder de audiência nos EUA e não é de conversar com um papagaio de pano, ensinar culinária ou entrevistar atores da emissora que lhe paga o salário - como faz a Ana Maria por aqui.

Oprah passou a vida fazendo entrevistas bombásticas com os maiores artistas, políticos e celebridades 5 Estrelas dos EUA. Michael Jackson, no auge das suas confusões com pedofilia, foi entrevistado por ela.

Agora, outra estrela cadente de primeira grandeza resolveu abrir o coração para Oprah Winfrey. Seu nome: LANCE ARMSTRONG.

Lance deu uma longa entrevista em sua mansão c-i-n-e-m-a-t-o-g-r-á-f-i-c-a em Austin e, supostamente, “DISSE TUDO”. No próximo dia 17, quando o programa for ao ar, o mundo saberá se Lance resolveu contar como e o quanto se dopou, ou se continuará com sua versão fantasiosa de que “sempre corri limpo"?

Uma coisa é inegável: até lá o mundo do ciclismo ficará contando os minutos para assistir o programa... especialmente os seus ex-patrocinadores, todos os ex-colegas de equipe, todos que o vem defendendo ou acusando até agora...todo mundo, oras!

Agora que já fiz o grande anúncio da semana, peço a sua licença para usar este espaço, para uma "sessão de descarrego". Falarei o que penso de Lance Armstrong.

Inicio destacando que esta página teve um dia de glória quando em 24 de agosto iniciou um grande debate sobre a recém anunciada cassação dos títulos de Lance.

Enquanto a grande mídia ignorante falava bobagens sobre o tema, Ciclismo PRO clarificava questões importantes num post que rendeu nada mais nada menos do que 1.123 “Compartilhamentos”, 829 “Curtir” e 153 “Comentários”. Obrigado a todos que participaram deste grande movimento.

ANOS 90 – como vocês sabem, eu acompanho ciclismo internacional detalhadamente desde os tempos da... Queda da Bastilha, eu acho. Por causa disso eu vi (através das revistas francesas da época) o surgimento de Lance Armstrong.

Em 1992 Lance era apenas mais um jovem americano que se profissionalizou na onda do sucesso absoluto de Greg Lemond e do razoável sucesso da equipe 7-ELEVEN. Isso aconteceu logo após sua imensa decepção nos Jogos Olímpicos de Barcelona, quando contava com o Ouro e ficou apenas em 14º lugar - se fosse brasileiro nós o teríamos como um herói, mas ele quase cortou os pulsos de raiva.

A 7-ELEVEN tinha se convertido em MOTOROLA, atraindo feras de outros países, como o australiano Phil Anderson, o britânico Sean Yates e o colombiano Alvaro Mejia, que obteve um surpreendente 4º do Tour de France 1993. Lance já tinha prestígio nos EUA e entrou para o time.

E ele já chegou mostrando serviço: com apenas 21 anos de idade, e literalmente nenhuma experiência no ciclismo europeu, conquistou a 2ª colocação no duríssimo Championat de Zurich. Esta grande clássica suíça sumiu do calendário por razões financeiras e é uma das duas únicas clássicas que Merckx nunca venceu (a outra foi a Paris-Tours, a Clássica dos Sprinters).

Lembro-me como se fosse hoje da foto estampada na Mirroir du Cyclisme, com Lance chegando logo atrás do vencedor, a grande esperança da Rússia Viatcheslav Ekimov (que seria seu futuro gregário na USPS). Os dois foram tratados pela revistas como heróis, como o futuro do ciclismo etc. Para mim, Lance era uma daquelas zebras que não iriam muito longe. Preconceito puro.

Veio 1993 e no Tour de France Lance surpreendeu o mundo ao vencer a 8ª etapa, em Verdun, batendo no sprint um pequeno grupo de homens fortes, que continha o mexicano Raul Alcala. A mídia fazia festa e a impressão da edição Mirroir du Tour ainda estava morna quando, em agosto, Lance venceu um lendário Campeonato Mundial em Oslo, na Noruega.

Eu tenho o vídeo. Foi duro demais. Circuito clássico, sobe-e-desce, e chuva, muita chuva. Os ciclistas caiam como moscas, até nas retas, por conta das “zebras” molhadas que davam a impressão de terem sido ensaboadas. Mas Lance atacou, puxou e, ao final, aproveitou-se do fato que os gigantes da época (Indurain, Musseuw, Ludwig) ficaram indecisos, se marcando. E ele se mandou para vencer gloriosamente.

Virei fã do cara. No ato!

Em 1994, vestido de Arco-íris, Lance continuou demonstrando que seria, em breve, um dos grandes das Clássicas duras: foi segundo na Liège-Bastogne-Liège e da Classica San Sebastian. Em 95 venceu mais uma etapa do Tour de France, provocando muita emoção ao homenagear, apontando para o céu, seu recém falecido colega de equipe Fabio Casartelli, vitimado por uma queda no Col d’Aspin. Em agosto também venceria sua primeira clássica: a basca San Sebastian.

Em abril de 1996 mais uma vitória de prestígio, agora na Flèche Wallone – e mais dois segundos lugares de prestígio, de novo em Liège e na Geral da Paris-Nice. Mas vamos dar um breque aqui: e Classificação Geral de Grand Tour? Apenas um 36º lugar em 1995. Lance nunca havia demonstrado qualquer aptidão para a alta montanha ou CRI. NINGUÉM sério achava que ele um dia venceria nada além de uma Volta de uma semana.

De qualquer forma, o sucesso nas provas de um dia e, principalmente, seu prestígio nos EUA, lhe garantiu um belo contrato com a COFIDIS. Para a época os USD 2 milhões por ano eram imensos. E rendeu-lhe ainda mais publicidade.

DRAMA E GLÓRIA – apesar de todo este sucesso, nesta época eu já havia desenvolvido uma tremenda antipatia por Lance. O texano viria a se tornar um tremendo arrogante. Suas entrevistas eram antipáticas, suas palavras em relação ao grande (e simpático) ex-campeão Greg Lemond eram antipáticas e suas comemorações de vitórias eram profundamente antipáticas. A ESPN, na época, costumava transmitir algumas provas americanas, como o Tour Du Pont, e Lance fazia tamanho espalhafato em suas vitórias que deixava o showman Cipollini parecendo um sujeito tímido.

Só que no dia 2 de outubro de 1996 o mundo do ciclismo seria chacoalhado com o anúncio de que Armstrong havia sido diagnosticado com câncer testicular, que sofrera metástase para cérebro e pulmões, que suas chances de vida rondavam os 20% e por aí seguiu.

Eu sofri um choque e desenvolvi uma tremenda simpatia pelo seu drama humano - não pelo ciclista. Aliás, a simpatia do mundo só aumentou quando, em 1997, com Lance, ainda em fase de recuperação das cirurgias e da quimio/radioterapia, teve seu contrato cancelado pela COFIDIS.

Os franceses pisaram na bola de forma inigualável e resolveram economizar seus USD 2 milhões. Só que atrairam uma antipatia global que lhes custou muito mais que isso. Pior, Lance voltaria a correr e passou a dar muitas alegrias para quem apostou nele...e também algumas dores de cabeça titânicas, como bem sabemos hoje.

A DESGRAÇA – bom, todo mundo sabe o que aconteceu de 1999 para cá. Inclusive aquilo tudo que a UCI (pressionada pela USADA) fez “deixar de acontecer” ao extirpar todos os resultados de Lance Armstrong a partir de 1998. E é sobre isso que eu queria escrever faz tempo. Vamos lá então:

1. Já está claro para todo mundo eu não sou fã dele.
2. Eu achei um absurdo o Lance perder seus 7 Tours de France e demais resultados.
3. O motivo é simples: ele nunca foi pego em exames antidoping (ao menos que tenham sido tornado público).
4. As acusações, baseadas nos relatos dos seus ex-colegas de equipe, deveriam ser suficientes para bani-lo do esporte (de 2012 em diante), desgraça-lo publicamente, render ações na justiça por danos morais etc., etc., etc.
5. Agora, para caçar-lhe títulos esportivos conquistados nas estradas, sem uma única prova concreta? Faz favor...a UCI, que tentou protegê-lo no início, alegando que não havia provas e bla-bla-bla, quando se viu pressionada pela WADA e por todos os (MUITOS) inimigos de Lance, entregou-lhe de bandeja – uma vergonha!
6. Eu também não me conformo que um réu-confesso como Bjarne Riis ter confessado que tomou tudo em 1996 não ter perdido seu título. E Ullrich? E Coppi, Anquetil, Delgado, Ullrich, Pantani...e todo mundo?!?! A coisa é tão vergonhosa que ninguém herdou seus títulos, pois todos os Top 3 daquele período tinham “ficha suja” (salvo Fernando Escartin, no Tour 1999).
7. Lance Armstrong é vilão e vítima ao mesmo tempo: ganhou muito (demais!) com o ciclismo, mas fez TODO MUNDO GANHAR MUITO TAMBÉM. Corrompeu, fraudou? É bem provável, mas TODO MUNDO SABIA (a UCI, suas equipes, seus colegas e adversários).
8. E por que não colocaram a boca no trombone lá atrás? Primeiro porque o doping/EPO era generalizado no pelotão (Lance deve ter sido APENAS o mais eficientes na técnica de aplicação, além de ser o mais neurótico, o mais ambicioso, o mais perseverante, o mais competitivo, o mais pragmático, o mais tudo!). Depois porque todo mundo (até os seus adversários derrotados) se beneficiaram do fenômeno Lance Armstrong.
9. A economia do ciclismo vinha de um período frágil. Indurain foi um grande ciclista, mas era insosso, sem graça, vencia sem “panache”. Depois veio Marco Pantani e o seu lendário ano de 1998 – tão turbinado como Lance – e nada mais. O ciclismo precisava de uma injeção midiática e o americano de Austin serviu como uma luva.
10. Apesar de Nike, TREK e outros agora o tratarem como um pária do esporte – e ele provavelmente é isso mesmo –, estas empresas canalhas LUCRARAM MUITO com Mr. Armstrong. Tenho nojo profundo por este pessoal.
11. Mas que ninguém se engane: Lance também lucrou muito com estas empresas. Foi um grande jogo de interesses comuns. O esporte, o suor, as vitórias eram apenas pano de fundo para um grande jogo corporativo, de negócios multimilionários - que eu conheço bem por conta da minha profissão.
12. Todos ganharam, todos perderam. Mas eu não aceito Lance ser o malvado e Nike/TREK etc. posarem de “inocentes traídas”.

Enfim, o mundo do ciclismo – como bem notamos aqui mesmo em Ciclismo PRO – é formando por gente que odeia o Lance pela fraude que ele foi, assim como há as chamadas “viúvas do Lance”.
Eu procuro ter uma visão bastante racional da coisa (se é que isso é possível):

1. Sua vitória contra o câncer pessoal e suas ações pela luta contra a doença (Livestrong) são admiráveis - mesmo tendo uma forte carga de marketing, ele fez a diferença para muita gente.
2. Como ciclista...bem, há dois Lance Armstrongs e eu não simpatizei com nenhum dos dois, mas, limpo ou sujo (como os outros) tem seu lugar na história. Para mim ele é o legítimo vencedor de 7 Tours de France.
3. A sua queda é fruto de inveja alheia, da política que envolve as instituições americanas (a mesma USADA limpou a barra do dopado Carl Lewis), da arrogância sobrenatural de Armstrong (que avacalhou Dick Pond, ex-presidente da WADA, “mãe” da USADA) e de toda a sujeira da UCI, que permitiu que a bolha inflasse até explodir.
4. Tal qual um pendulo, Lance fez um bem tremendo para o ciclismo e, na mesma magnitude, um mal gigantesco. Sua ascensão e queda são de igual tamanho e natural no mundo dos negócios, que endeusam e destroem com a mesma rapidez e voracidade.
5. Lance Armstrong é apenas um clássico produto do capitalismo americano. Nada alem disso.

Voltando ao inicio do post, não perca Lance Armstrong no progama "Oprah’s Next Chapter", ao vivo no site www.oprah.com, no dia 17. Eu me trancarei no banheiro do escritório para assisti-lo em paz!!
...e em seguida conecte-se em Ciclismo PRO para debatermos o programa!!


Fonte: https://www.facebook.com/pages/Ciclismo-PRO/335706686519327?ref=ts&fref=ts