domingo, 30 de junho de 2013

Amor próprio x sucesso

Amor próprio x sucesso
O sucesso, independente da atividade, nasce do amor próprio. A consciência sobre potencialidades individuais, possibilidades e horizontes é parte integrante da natureza humana; a auto-imagem se projeta no corpo e nas realizações. Uma pessoa que se vê fraca e incapaz não poderia apresentar-se externamente com uma estrutura forte, nem realizar proezas reproduzíveis nos bate-papos das rodas de amigos.
Uma busca pessoal pelo conhecimento de si mesmo, que desenvolva uma auto-imagem confiante e que por sua vez gere amor próprio deveria ser parte de qualquer projeto pessoal. O Treinador, ou desenvolvedor de talentos vislumbra isso o tempo todo, em cada ação, no cuidado dos detalhes técnicos, na evolução e nas propostas de desafios. Mas pouco adianta o empenho do motivador se não houver a busca pessoal do indivíduo a ser treinado!
Convivo com uma multiplicidade de personalidades, temperamentos, concepções de mundo e individualidades. Muitos se apegam na pequenez dos insucessos e dúvidas, formando uma casca resistente à mudança e um apego à imagem de incapacidade que faz de si mesmo. Alguns escondem o anão interior, feio e indesejável projetando para o seu redor uma imagem confiante, e impávida. Falam muito, falam alto, por vezes exageram nos feitos; alguns mentem com tamanha propriedade e convicção que forjam uma realidade paralela (conheçam os fatos mais recentes da vida de Lance Armstrong).
Em ambos os casos dê-lhes alguma conquista e tempo para refletir, ambiente fértil para germinar alguma centelha de amor próprio. O amor próprio tem efeito maravilhoso naqueles que se abrem ao auto-conhecimento. Uma dinâmica quase dialética onde “conquista” somada a “amor próprio” resultam numa nova imagem pessoal, que é a própria imagem a maior conquista. Uma auto-imagem confiante coloca medo e insegurança em seus devidos lugares, acessórios de contrapeso à coragem e destemor, balanceando a equação que resulta no sucesso.
Por sua vez, a auto-confiança não deve desconsiderar a necessidade de orientação e tutela, assim como um carro potente não abre mão da estrada que orienta o caminho, o que resume o sucesso da viagem: chegar ao destino.
Auto-confiança sem orientação resulta numa independência egoísta, que num primeiro momento contempla pela noção de ser mestre de si mesmo, essa uma condição que os tempos atuais patrocinam, o que é em si mesma uma armadilha ao isolamento e posterior queda de rendimento. Se individualmente essa condição “independente” provoca um isolamento cada vez maior, e leva à necessidade patológica de conquista e de provar à todo custo, atropelando quase sempre questões éticas, a viabilidade da própria condição, no plano coletivo, tem muito mais efeitos nocivos. Para o indivíduo, não se engane, o grupo reage imediatamente “suportando” essa condição infortúnia, mas gerando um ponto de tensão que fica cada vez mais exposta. Logo o grupo desvia o foco original para a administração dessas tensões. É uma dinâmica inerente aos grupos sócias e tem dois desfechos, ou o grupo reabsorve o indivíduo que cai em si e volta ao seu equilíbrio natural, ou na pior solução o grupo rechaça o desequilibrado, desfazendo sua coesão (o que às vezes pode resultar na dissolução do grupo social).
Grupos esportivos ou não que buscam rendimento na consecução de objetivos relacionados à conquista, sofrem desses fenômenos sociais, mas se afastam do seu fim, a conquista (pessoal ou de grupo) sempre que a equação não se encontra balanceada.

Em resumo, uma auto-imagem negativa que revela a falta de amor próprio é um obstáculo ao sucesso nos projetos pessoais ou dos grupos em que os indivíduos relacionados com essa situação sejam parte; Excesso de auto confiança gera um egoísmo auto-suficiente que prejudica grupos sociais e leva o indivíduo a situações limítrofes à patologia psicológica.  O amor próprio deve ser uma busca individual e também objeto de promoção dos motivadores.