quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Foco x "Pilha"

Hoje em dia um termo é muito utilizado como referência em casos de conquista, projetos pessoais, motivação e outros, mas sua maior incidência é mesmo nos casos de auto-promoção! O uso de expressões que evocam o "foco" tem maqueado empolgação, passionalidade e desleixo!
Como "Gerente de Projetos Pessoais" esportivos e referentes à saúde e composição corporal, lido diariamente com gente que confunde foco com estar "pilhado"  ou muito empolgado, que assume planos baseados na emotividade ou nas necessidades de aceitação pessoal ou social.
Você poderá me questionar, mas não será necessário empolgação para cumprir um projeto arrojado? Claro que sim! Mas não apenas empolgação se o sujeito não for um "fora de série"! Ah, os fora de série... eles conquistam sem treinar; saem de casa com um plano, abandonam-no na primeira esquina e chegam ao sucesso; se motivam com críticas petulantes e esfregam na cara do crítico suas conquistas! Perdem 30 kilos em 30 dias e nunca mais recuperam... mas como já escrevi em algum lugar, não conheço pessoalmente nenhum "fora-de-série", conheço sim gente fantástica que faz coisas absurdas porque acorda cedo, porque estudou muito, porque manteve o rumo, porque esperou a porta abrir, porque não mudou a idéia principal! Eu chamo a isso Foco!
É atribuída a Steve Jobs uma frase: "Algumas pessoas acham que foco significa dizer sim para a coisa em que você irá se focar. Mas não é nada disso. Significa dizer não às centenas de outras boas idéias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente". Steve Jobs concebeu para além de uma empresa, uma idéia; foi fiel a essa idéia, foi demitido da própria empresa e anos depois reconduzido.
Vemos empresas familiares tocadas por anos pelo patriarca, mas que chafurdam ao cair nas mãos dos filhos em pouco tempo, pois "mudaram o foco do negócio".
O que têm de comum os dois casos além de fidelidade à idéia principal? O tempo! Leva tempo para se comprovar uma tese, para fundamentar uma idéia; logo vejo que a qualidade "Foco" tem até aqui duas dimensões: Fidelidade (dizer não ao que não é essencial) e (ser fiel por muito) Tempo!
Isso posto, porque "pilha", empolgação, têm data de validade: tem gente que desiste após 1 mês, tem gente que abandona o projeto na primeira dificuldade; alguns condicionam sua motivação à preferências pessoais e se decepcionam, pois suas preferências os afastam do caminho do sucesso; Quantas promessas descumpridas, quantos planos abandonados;
Concluindo por hora, façamos o discernimento do que consideramos foco; que possamos delimitar a idéia principal, estabelecer cronogramas e submetê-los a um compromisso fiel! Vamos usar nossa empolgação nesse sentido. UP!

sábado, 27 de junho de 2015

Stress e Esporte - combinam?

Essa semana fui bombardeado por posts e relatos sobre “stress” e suas consequências desagradáveis nas rotinas de amigos e conhecidos. E eis que já pensava há algum tempo sobre o assunto.
Primeiramente, você sabe o que é Stress? Muita gente faz confusão. E parece que agora com a crise econômica as pressões individuais se multiplicam e está posto o quadro propício para a proliferação de diagnósticos de stress.


O dicionário Aurélio que nos diz que o estresse (em bom português) é "o conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa, e outras capazes de perturbar a homeostase" (equilíbrio).
Photo Credits: Erik Coser

Tenho dito e insistido que o “Equilíbrio” deva ser sempre o objeto da busca pessoal de cada um não importa o campo de atividade: Religião, trabalho, esporte, etc. Medos, compulsões, manias, falta de foco, problemas de identidade, contribuem para o desequilíbrio e o desequilíbrio é o retrato de que tem algo muito errado na individualidade.


Stress como opção


Eu defino o Stress como uma opção pessoal de permanecer incomodado e desequilibrado. Uma opção de valorizar aspectos pessoais imperfeitos que cada um passa a se identificar ao invés de se desafiar na busca do caminho de evolução. Está claro e aberto que toda forma de religião ou corrente filosófica busca a perfeição a partir da evolução das qualidades individuais, que você as tenha ou não. Ansiedade, egoísmo, avareza, exagero, ganância,  egocentrismo, vaidade não estão em quaisquer lista de qualidades a serem desenvolvidas. Quando negamos evitar essas características, negando o seu controle e assim nos especializando nelas, assumimos a opção por um caminho muito pedregoso.


Stress x sobrecarga


Muita gente confunde Stress com sobregarga; confunde stress com semana de provas, entrega de projeto, períodos cronológicos de intensidade física e mental. Esses períodos geram stress, não são o stress. Nessa confusão vamos nos submetendo e expondo cada vez mais aos fatores que geram o stress. Sobreviver a períodos de crise cria a falsa percepção de vitória sobre eles e cria uma supervalorização pessoal: nos gabamos de passarmos por momentos com cada vez mais sobrecarga, escondemos nossas insatisfações, maquiamos a situação sem contudo aprendermos as lições que conduzem à evolução.


Stress como reflexo de prepotência


A falsa imagem pessoal de “vencedor nas situações extremas” leva a subestimar o efeito que esses períodos geram em nosso comportamento, rotina e finalmente, em nossa fisiologia: o stress. Alterações de peso e composição corporal (sobrepeso, obesidade), frequência cardíaca e pressão arterial, diabetes e descompassos hormonais, síndrome metabólica, esteatose hepática, disfunção sexual, alergias, intolerâncias alimentares etc. Pensamos que estamos no comando mas estamos à mercê das nossas más opções. É preciso admitir a impotência diante do desequilíbrio.


Stress x Esporte


O próximo bert-seller relativo à saúde e esporte, o Livro do Dr. Dráuzio Varela “Correr” tem levantado interesse por uma suposta afirmação (eu não li o livro) de que a corrida é um poderoso “anti-depressivo”. Enquanto não tenho acesso ao contexto da afirmação, permito-me discordar efusivamente da afirmação. Sou praticante de esportes há 28 anos, Ciclismo me dá prazer, corrida não! Não dá pra generalizar os efeitos de substâncias estimulantes provenientes da atividade física. Dopamina, adrenalina, melatonina… não funcionam com todo mundo da mesma maneira. Os efeitos são momentâneos, restritos a pouco mais do que o “momento treino”. Se não há uma busca pelo equilíbrio, o momento passa. Passado o efeito bioquímico volta-se à realidade de dificuldade, incompreensão e desequilíbrio. O Esporte pode sim ser instrumento de superação dos momentos de crise, mas há de se ter uma disposição de buscar qualidades, e desenvolver as qualidades que irão mudar a predisposição ao stress. Afirmações como “o esporte tira o meu stress” servem para criar uma falsa compreensão pessoal do que a prática de atividade física pode proporcionar: por um lado cria condicionamento para postergar os efeitos da sobrecarga; mas por outro lado não modifica os eventos causadores nem a estrutura mental que sofre e aceita toda a pressão.
Outro evento é que algumas pessoas “sob pressão” e com stress instalado carregam para a atividade física todo o modelo inequalizado: ansiedade, medo, irritação, intolerância, vitimismo, necessidade de reconhecimento, comportamentos anti-sociais, etc, desequilibrando os novos ambientes e as pessoas que passam a conviver.
O esporte não é terapia! Professor de Esportes, Fisioterapeuta, Nutricionistas e outros profissionais envolvidos não são terapeutas; podem ter até alguma sensibilidade para isso, mas também seus objetivos profissionais que os direcionam para além de terapias. Vamos manter o esporte em sua vocação: condicionamento, saúde ou competição e convívio social saudável.
Quanto a você que está “stressado”, reveja toda a estrutura construída a seu redor e marque os pontos que você precisa evoluir ou abandonar; estabeleça condições ideais, eleja valores, determine metas pessoais de evolução sem esquecer de determinar os seus limites. E vá fazer atividade física, para quando você sair dessa seu organismo recuperar a máquina magnifica que você foi dotado e então estabelecer novos limites para transpor! UP!

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Diante de um grande desafio

Quando você escolhe uma tarefa desafiadora, uma profissão incomum, um objetivo audacioso ou um desafio monumental, nem todos os caminhos estarão abertos. Digo isso num campo amplo que inclui recursos, know-how, nível de empenho, network, o caminho a percorrer e a atitude mental necessária. Você entrará numa senda onde poucos do seu convívio percorreram, estará a partir de então desbravando, assumindo o pioneirismo, você se torna também desafiador, incomum, audacioso e monumental. Imagine o que é para um catador de papel alcançar uma graduação; e há muitas situações em escalas similares, e alguns de nós podem se encontrar hoje nessa posição de precisar dar um próximo passo, que para você é inevitável (pela necessidade ou pelo ímpeto), mas que o consenso à sua volta considera um passo maior que as pernas.
Pensemos em alguém, grande, vencedor, campeão. Quais qualidades, caminhos, atitude mental essa pessoa lançou mão para suas vitórias? Coragem, capacidade de trabalho em equipe ou para receber orientação, um espírito indomável, uma vontade incomum, preparação, técnica, maior ou menor recurso financeiro, determinação, escolhas, renúncias e sobretudo equilíbrio entre essas qualidades que sem equalização nos deixariam malucos.
No que depender de nossas vontades vamos se preciso abrir os caminhos necessário sem fugir da luta! UP!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Quantas histórias cabem numa trilha?


Quantas histórias cabem numa trilha?

Quando comecei no Trail Run, me brotaram na memória diversas experiências do passado, me reforçando a idéia de que a trilha é o meu lugar:

* caminhadas, patrulhas e exercícios de tiro, privado de sono, cansado de várias jornadas;

* instruções de sobrevivência na selva, preparo de alimentos e abrigos na mata, ambas na minha estadia no Exército;

* incursões na mata, com meu irmão estudante de Biologia, para reconhecer espécies de plantas.

A vida se agitou, e as opções me afastaram da mata, das trilhas: trabalho, conforto, shopping center, cinema, dvd, jogos eletrônicos, barzinhos...

O Trail Run é uma arte! A arte de percorrer regiões montanhosas, valorizando o ganho de altimetria, por estradas, em sua grande maioria sem pavimento, e trilhas, que são estradas dentros das matas, caminhos de tropeiros, rotas de fugas de escravos, picadas abertas por animais. Esses caminhos podem ligar grandes cidades antigas, pequenos vilarejos, podem dar até em lugar nenhum; o certo é que uma pequena  brecha na mata ou uma estrada vermelha que rasgue um morro ou serra até um topo de morro será um potencial parque de diversões para o corredor de montanha ou "trailrunner".

Isso numa perspectiva tropical. Na Europa e países subtropicais, os pontos geográficos de altitude são costurados por trilhas entre florestas de coníferas e terrenos pedregosos, com ou sem gelo! Refúgios de inverno (casas preparadas para abrigar viajantes e aventureiros nas estações frias) são milhares e colocados estrategicamente a aproximadamente 1 dia de viagem a pé. Lá se corre ou faz Trekking na primavera e verão e se esquia no outono-inverno. Onde há montanhas há homens, onde há homens há trilhas!

Correndo na Estrada Real, chegando em Ouro Preto, tive um insight: quantas histórias passaram por ali? Mercadores, escravos, nobres, soldados, brasileiros, portugueses, inconfidentes, condenados, o Imperador, e eu! Nossas histórias se cruzaram ali por causa de uma corrida, e ali também um capítulo da minha vida ficou registrado! Recentemente, abrindo uma trilha, comecei uma via de histórias a passar, dos animais, das plantas que se seleciona abater ou preservar, do suor, da seiva e do sangue derramados; do cansaço do trabalho árduo, da frustração diante da dificuldade da mata que resiste a se abrir apresenta, da alegria que impulsiona floresta adentro!

Minha história eu vou fazendo correndo e apreciando uma natureza que é dádiva generosa! Quem sabe a sua história não vai se cruzar com minha numa dessas estradas, dessas trilhas? Corrida, Montanha, Trilha, histórias, tudo é vida!  Up!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Por quê os meus (e talvez os seus) projetos não dão certo?

Há tantos anos envolvido com esportes e atividade física, nos processos de formação e preparação de atletas de competição e também nas questões de saúde, presenciei muitos casos de sucesso e outros nem tão bem sucedidos. Aqui vou discorrer sobre alguns fatores que contribuem para o insucesso de processos na formação de atletas, busca de resultados esportivos, na manutenção é promoção da saúde e nas mudanças de composição corporal, sejam o emagrecimento ou aumento de massa corporal.

Erro no propósito - angariar um título pela excelência do seu esforço e condição técnica, reduzir o peso corporal para potencializar o bom funcionamento do corpo, outrora perdido para o sedentarismo são exemplo de acerto entre treinamento e propósito. Os processos fluem corretamente pois há uma confluência dos fatores para uma meta ajustada. Acontece de haverem confusões nos propósitos: atletas ou indivíduos que buscam notoriedade pessoal através da vitória ou de mudança no aspecto corporal se perdem no narcisismo, nos primeiros elogios e geralmente se desviam da motivação do treino; atletas e equipes que se concentram em sobrepujar este ou aquele time ou atleta desfocam do universo do certame e tropeçam após alcançar um sucesso intermediário ou sucumbem pelo fato das tabelas não proporcionarem o confronto-foco.

Infra-estrutura - vou me ater ao aspecto da constituição física. Muitos projetos, principalmente de atletas tardios (aqueles que não passaram pelos processos de formação da infância e juventude nas escolinhas) e mudanças na composição corporal esbarram na falta de memória de condicionamento, coordenação motora e qualidades físicas, principalmente por não dispor de tempo para formação adequada ou por serem submetidos a prazos irreais de consecução.
* atletas e indivíduos que não possuem a memória de condicionamento (em relação a ex-atletas nas mesmas situações) padecem na descoberta das dificuldades inerentes ao treino como suportar a carga intra-treino e a fadiga pós-treino que carregará nas atividades quotidianas;
* algumas modalidades dependem muito de algum nível de coordenação motora (esportes, dança e modalidades de ginástica entre os mais comuns) e a simples incapacidade, mesmo que temporária, de executar as rotinas propostas, se de um lado atrasam consideravelmente aspectos como a queima calórica proposta, por outro caem como uma bomba na motivação do praticante;
* a baixa competência em qualidades físicas como força, resistência e alongamento por exemplo resultam em pequenas lesões (na melhor das hipóteses), mesmo em programas mais cuidadosos, que afastam os indivíduos das sessões de treino e assim dos resultados, prejudicando mais uma vez a motivação;
* o fato de ter que conviver com músculos queimando, hipóxia (sensação de falta de ar), hipertermia, suor excessivo e cãibras entre outros é para certos indivíduos o oposto do bem-estar procurado; não dá para ignorar o imediatismo de sensações que nossos alunos buscam quando eles não suportam essas condições de execução. Esse foi o maior fator de desistência que convivi nesses anos;
* enfim, prazos irreais de consecução de objetivos, mudanças de prazos baseados em ansiedade, e falta de franqueza (por parte do profissional envolvido) na constatação da necessidade de postergar prazos têm gerado muito ruído nesses processos que estamos discutindo. Há sempre uma pressa envolvida; tem que ser nessa temporada, nesse campeonato; quero perder 10kg em 1 mês; onde está a hipertrofia prometida? ansiedade, pressa, imediatismos apenas colaboram para desconforto no processo frustrações no processo e em alguns casos na busca de subterfúgios para adiantar o resultado.

Ansiedade - está presente em muitos aspectos desde o planejamento, passando pela execução e se manifestando mais propriamente quando cega diante dos pequenos sucessos, tão importantes na formação da motivação, pois leva ao contentamento relacionado ao objetivo final. A ansiedade dificulta todos os processos pois leva a ultrapassar limites de segurança e fases de evolução, atrapalha a convivência e superação das pequenas lesões.

Imaturidade - ansiedade (sempre ela), carências, insegurança, busca de aceitação, desmotivação, baixa auto-estima, manias, medo, egocentrismo, são obstáculos comuns e inerentes aos processos de treinamento na infância e adolescência. Quando se apresentam na idade adulta compõem o desagradável quadro de imaturidade, que passeia por vários níveis. É interessante para os treinadores saber a hora de indicar a condução do processo para profissionais da área de saúde competente.

Falta de perspectiva - buscar resultados irreais para a condição atual, prazos curtos demais, resultados baseados em condições de terceiros revelam uma falta de perspectiva que vai ser determinante no emperramento da relação atleta x treinador; processos de emagrecimento e treinamento de corredores têm sido os campeões nessa incorrência e influem na desmotivação em ambas as partes envolvidas.

Influências externas - conselhos, opiniões de gente que não está diretamente envolvida nos processos de treinamento seja qual o objetivo podem ser fatores de insucesso; vou exemplificar com 2 situações:
* pais de jovens atletas, entusiastas do esporte, atropelam o processo de treino com conselhos, direcionamentos e até com sessões de treino complementares. Adotam posturas de cobrança desvinculadas com o processo de evolução baseado nos princípios de treinamento desportivo, que sabidamente eles não dominam. Entre o "ego" do treinador na certeza do trabalho bem planejado e executado e o "direito" de intervir que o pai jura ter, está o jovem que acumula fracassos e decepções;
* emagrecimento, e geralmente no caso de mulheres ocorre a intervenção das amigas, com o famoso "você já está magra demais" ou dos parentes "você está com cara de doente". No primeiro, acontece de pessoas frustradas na incompetência no próprio emagrecimento deixam a inveja aflorar, sabotando as "amigas";

Visão de mundo - a visão de mundo vai determinar a ousadia do processo e a grandeza do resultado. Quem pensa pequeno vai ter dificuldade para grandes transformações; quem baseia suas convicções na busca de conforto e facilidade, ao se deparar com os desconfortos do treinamento se decepcionará; quem se baseia hermeticamente na auto-condução vai bloquear a contribuição de um profissional contratado para direcionar o treino. Insegurança emocional e medo sempre se mostrarão como bloqueio na transposição dos níveis de evolução. Segurança emocional baseada no elogio (ou falsos elogios) vai se tornar insegurança quando o indivíduo deixa de suplantar rendimentos já alcançados (você não vai conseguir um elogio sincero se não superar o que já conseguiu).

Expectativas muito altas - alimentadas pela ansiedade (de novo?) geram frustrações equivalentes - grandes expectativas, grandes decepções. Objetivos intermediários são fontes de pequenas vitórias que construirão a vitória final. O bom gerenciamento das expectativas vai construir o equilíbrio emocional e físico necessário para um(a) campeão(ã) na vida e no esporte.

Má utilização de recursos - eis um campo muito interessante: o dinheiro necessário para chegar lá, quanto custa uma vitória: desde aqueles que acreditam que só se alcança uma meta com muito dinheiro e patrocínios até gente que corre uma corrida de montanha de chinelos, já vi e ouvi muita coisa, ressalto esses:
* mais barato - gente que reclama do valor dos equipamentos, provas e assistência profissional mas gasta muito dinheiro em carros, bebida e comida; gente que não paga nutricionista pois é caro, pede desconto ao treinador, mas tem sempre um tênis novo e gasta uma nota na loja de suplementos; destaque para os que nivelam pelo menor valor: sites da china, auto-treino, equipamentos mais baratos ou em promoção, academia mais barata, informações de internet;
* mais caro - acham que seu dinheiro compra resultado: equipamentos mais caros, academia badalada, treinador da moda ou blogueiro, competições no interior... mas não tem frequência aos treinos nem aquela garra necessária para superar os desafios;
* sem recursos - fico muito satisfeito quando contemplo pessoas que têm pouco recurso para o treino e os componentes acessórios, mas conseguem belíssimos resultados consolidados pelo tempo, sem o glamour dos personal trainners, nas academias de bairro, nos serviços púbicos de orientação ao exercício e formação de atletas, simplesmente levando a sério e gastando com racionalidade.

"Do it yourself" - uma tendência moderna num mundo que não precisa de mestres, o faça-você-mesmo tem se disseminado, potencializado pela internet. Ignora os pressupostos científicos desenvolvidos por séculos que fundamentam o Treinamento, a Nutrição, a Medicina, a Fisioterapia envolvidos nos processos de treinamento. Não é necessário se alongar em muitas palavras sobre a eficiência dos processos orientados de evolução. Nem um "fora-de-série" conseguiria se destacar sem o suporte profissional: quem seriam Michael Jordan, Michael Phelps, Messi se treinassem baseados em vídeos do youtube?

Hora certa - "O tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece dúvidas, mas, acima de tudo, o tempo traz verdades."  Muitas vezes nos cobramos pelos nossos insucessos, muito frequentemente por não percebermos que ainda não chegou a hora certa. Quanto tempo se desenvolve a maturidade, quantas horas de prática levam à excelência numa habilidade, quantas derrotas prenunciam uma vitória. Vejo muita gente vencendo na vida e na atividade física, não conheço pessoalmente nenhum fenômeno, nenhum fora-de-série; os vencedores da vida real são pessoas que treinam antes ou depois do trabalho, que se entregam ao treino, que aprenderam a conviver com o desconforto, que dividem o tempo entre a família, seus objetivos pessoais e eventualmente com a vida social; gente que ama o que faz; gente que dorme muito pouco; gente que aprendeu a comer com moderação; gente que saiu da zona de conforto, gente que não tem tempo pra se desviar do foco. Os vitoriosos que eu conheço convivem diariamente com suas perdas e derrotas mas valorizam no fim do dia um pequena vitória que os impulsionará a pular da cama atrás da próxima vitória.

Se eu fosse você ia treinar!

sábado, 28 de março de 2015

Omega Day

"Amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar..." Renato Teixeira

Muitas e muitas manhãs de domingo passei em casa, assistindo prohramas que falavam do campo, do interior, da natureza! Os causos, as reportagens sobre agricultura e pecuária,  preservação ambiental, as músicas dos sertanejos...
Construí um conceito de conhecimento sobre as coisas do interior, como o conhecimento da escola, da faculdade: teórico e incompleto.
Foi pedalando  e correndo pelo interior, passando ao largo das propriedades, comendo e respirando poeira, ora pedindo água, ora comendo frutas nas beiras de cercas, frequentando as vendas, que verdadeiramente passei a conhecer, a partir da minha própria experiência,  as coisas do interior! A ciência do matuto, a engenhosidade sem engenharia, a cura sem medicina, o diálogo aberto num simples "dia" ou "oô"; até  a academia da foice, do facão e da enxada. A religiosidade e a fé puras de quem sempre acredita: a chuva vai chegar,  se Deus quiser!
A terra, o chão,  o rio, os bichos, o homem e a mulher do campo, o cheiro e o colorido das matas são pura vida!
Por hoje vivamos essa vida no
Omega Day!

Sobre Felicidade, sucesso e frustrações.

Tenho pensado (e convivido) em gente que alimenta a frustração, são muitas expectativas... muitas vezes atiçadas por motivações exteriores, de terceiros. 
Muita gente olha para as atitudes de terceiros e as implementa em suas vidas mas não conhece a história  (ou estória, muitas vezes fantasiada e até mentirosa) daqueles "motivadores". A partir daí constroem planos e prazos desvinculados das suas capacidades individuais presentes. Por vezes traçam planos individuais ambiciosos que não podem ser contrariados gerando conflitos sociais com as pessoas próximas!

Aos primeiros tropeços iniciam a ladainha de reclamações e as primeiras desistências! Pensamentos negativos, necessidade de pena, carência de atenção? Alguns seguem sofrendo e reclamando; outros criam um personagem heróico por trás de outros criam um personagem heróico por trás de  uma fantasia (muitas vezes ancorada nas eedes sociais ): pode ser no âmbito familiar, profissional ou no lazer; aqui sua atividade na academia ou nos esportes vira essa supra-identidade! Viram blogueiros e celebridades e se reproduzem em novos "ícones" (ou candidatos) no watsapp, telefone ou conversas informais.
A questão é: no meu processo de transformação meu parâmetro será  real (a partir da minha realidade pessoal) ou fantasiado (vinculado ao processo de outro alguém, suas motivações resultados)?
Há 2 tipos de frustração que são muito comuns:

1) a relacionada à suas incapacidades: meu tênis não serve, não tenho tal equipamento,  não consigo correr, sou pesado demais para isso (ou velho demais), não tenho dinheiro..., só poucos quilômetros... e isso vai se tornando uma tortura pessoal e não contente em sofrer desnecessariamente, compartilha aos 4 ventos suas "misérias";

2) a frustração em relação aos outros: ora, se toda a expectativa pessoal está baseada no parâmetros de outras pessoas, o indivíduo passa a se comparar com qualquer um por perto. Às vezes escondem essa frustração alegando serem competitivas! Elas revelam essa frustração no desejar o tenis igual ao outro, a marca de roupa, o acessório, querem correr no ritmo do outro e percorrer sua mesma distância; a cereja do bolo: quanto deu sua corrida, qual o seu tempo?

Claro que uma ou outra dessas questões acontecem com qualquer um, mas quando acumulamos muitas é um sinal de alerta!
Onde isso pode parar? Num infinito a partir de procura de substâncias que aumentem  o rendimento, endividamento monetário, danos ao corpo  (por não poder perder um treino ou corrida em nenhuma hipótese)... 
Que nós possamos nos propor caminhos próprios, mesmo que orientados, que conduzam ao equilibrio físico - mental e com um pouquinho de rendimento que nos permita contemplar sempre novos horizontes! Up!